O pânico das formigas

Gritos de seriemas, os ecos no espaço, as muitas painas nevadas no jardim: há lembranças que são infâncias novas. Eu ainda à minha procura no escuro do texto, tateando as paredes das palavras, sentindo-lhes o musgo úmido de caverna. (Não se trata de um labirinto: labirinto é o pânico das formigas dentre gotas de água.) O que me orienta é a sensação de ser alma corporificada dentre palavras. Penso agora a boca das cavernas incrustadas nas montanhas, as tocas em que habitam onças e uma curiosidade muito velha que se evita subida acima. Minha origem é cercada de montanhas e nuvens próximas como pessoas. Olhar para o céu sempre foi encontrar um pássaro, a chuva sempre veio fácil, sempre houve gatos nos telhados. E palavras almificadas dentre corpos: eu ainda à minha procura no claro do dia.

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Criadora

Larissa Fonseca e Silva, 1998. Nascida em Caldas, no sul de Minas Gerais, crescida dentre livros e montanhas. Mestra em Teoria Literária e Crítica da Cultura pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) e doutoranda em Literatura Portuguesa na Universidade de São Paulo (USP). "Crio com a ponta dos dedos, no raio do sol vejo a magia da poeira e sei que há sentido no decompor das coisas pois até os resquícios dançam." Registro e guardo aqui.