"[...] Brisas favoráveis sopram ao aproximar-se a noite; a lua, de brancura brilhante, facilita a viagem; o mar resplandece sob sua trêmula luz. Costeiam as margens próximas da terra de Circe, na qual a opulenta filha do Sol faz ressoar com assíduos cantos aqueles bosques inacessíveis, e, no seu palácio soberbo, brilha, a fim de espalhar luz noturna, o cedro odorífero, condensando as tênues telas com o crepitante pente. Daquele local se ouvem os gemidos e os gritos de raiva de leões sacudindo suas cadeias e rugindo tardiamente dentro da noite; ouvem-se os cerdosos javalis arruar nas suas jaulas, bramar os ursos e ulular os lobos de talhe gigantesco. Eram homens que Circe, a feroz deusa, com suas ervas mágicas transformara em feras."
Trecho da Eneida, de Virgílio.
Tradução por Tassilo Orpheu Spalding.
Nova Cultural, 2002.
Página 179.