"Circe e os companheiros de Ulisses" (1896), Briton Rivière |
"Eu poderia ter lançado uma ilusão sobre a ilha para mantê-los afastados, tinha o poder para isso. Poderia cobrir minhas praias suaves com uma imagem de rochas afiadas e turbilhões, de penhascos escarpados e impossíveis de escalar. Eles seguiriam em frente e eu nunca precisaria vê-los, nem ninguém mais, outra vez.
Não, pensei. É tarde demais para isso. Eu fui encontrada. Deixe-os ver o que sou. Deixe-os aprender que o mundo não é como pensam."
"Depois que eu transformava uma tripulação, eu os observava se atrapalhando e chorando no chiqueiro, caindo uns sobre os outros, estúpidos de horror. Eles odiavam tudo: seu novo corpo voluptuoso, seus pés fendidos e delicados, suas barrigas inchadas se arrastando na lama da terra. Era uma humilhação, uma degradação. Eles doíam de saudades por suas mãos, aqueles apêndices que os homens usam para mitigar o mundo.
Vamos, eu dizia a eles, não é tão ruim. Vocês deviam apreciar as vantagens de um porco. Escorregadios de lama e velozes, eles são difíceis de capturar. Próximos ao chão, não podem ser derrubados com facilidade. Não são como cachorros, não precisam do seu amor. Podem prosperar em qualquer lugar, comendo qualquer coisa, restos e lixo. Parecem estúpidos e embotados, o que desarma seus inimigos, mas são inteligentes. Vão se lembrar do seu rosto.
Eles nunca escutavam. A verdade é que homens dão péssimos porcos."