Poucas coisas são tão inexatas quanto a previsão do tempo. Mais vale olhar para o céu, perguntar ao primeiro pássaro que passa se hoje chove ou não chove, se levo casaco ou não. No prédio vizinho a chuva que não ia vir mas veio escorre pela parede, tentáculos de umidade, grandes pernas que descem lentas do topo do prédio até o equilíbrio do chão. E depois caminham. Passa a chuva, cantam felizes os pássaros que, se perguntados, teriam acertado. Apenas não recomendariam sombrinhas: cantam de penas molhadas. Sempre sabem das coisas, com exatidão. [São Paulo, 30 de dezembro de 2023]