O encanto se enrosca pelos cantos de um outono que cresce e cria um quadro. Esse azul imenso convida a um mergulho manso e a queda para cima se esfria com o gelado das manhãs. Às vezes as folhas forram o chão, às vezes não. O sol que agora toca a pele é um afago, e os tons esmaecidos descansam a vista e nos envolvem como um cobertor. Vêm caquis, pinhões, bebidas quentes, abóboras assadas. Chega a vontade de aconchego. Às vezes as folhas forram o chão, às vezes não, mas é sempre bem-vindo o outono que vem vindo pelo tapete que tece e nos empresta. É generoso, o outono: a morte carinhosa de todas as coisas. [São Paulo, 19 de março de 2023]