Às vezes as folhas forram o chão, às vezes não

O encanto se enrosca pelos cantos de um outono que cresce e cria um quadro. Esse azul imenso convida a um mergulho manso e a queda para cima se esfria com o gelado das manhãs. Às vezes as folhas forram o chão, às vezes não. O sol que agora toca a pele é um afago, e os tons esmaecidos descansam a vista e nos envolvem como um cobertor. Vêm caquis, pinhões, bebidas quentes, abóboras assadas. Chega a vontade de aconchego. Às vezes as folhas forram o chão, às vezes não, mas é sempre bem-vindo o outono que vem vindo pelo tapete que tece e nos empresta. É generoso, o outono: a morte carinhosa de todas as coisas.  [São Paulo, 19 de março de 2023]

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Criadora

Larissa Fonseca e Silva, 1998. Nascida em Caldas, no sul de Minas Gerais, crescida dentre livros e montanhas. Mestra em Teoria Literária e Crítica da Cultura pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) e doutoranda em Literatura Portuguesa na Universidade de São Paulo (USP). "Crio com a ponta dos dedos, no raio do sol vejo a magia da poeira e sei que há sentido no decompor das coisas pois até os resquícios dançam." Registro e guardo aqui.