Eeia, por Homero

"Aportamos à ilha de Eeia, onde vivia
Circe de belas tranças, terrível deusa de fala humana,
irmã de Eetes de pernicioso pensamento.
Ambos foram gerados pelo Sol, que dá luz aos mortais,
tendo por mãe Perse, filha do Oceano.
Aí fundeamos em silêncio a nau junto à praia,
num porto próprio para naus, e algum deus nos guiou.
Desembarcamos e ali permanecemos dois dias e duas noites,
consumindo o coração com cansaço e tristeza."

"'[...] Amigos, não sabemos onde é a escuridão, onde é a aurora,
nem onde desce sob a terra o sol que dá luz aos mortais,
nem onde nasce; mas pensemos rapidamente se nos resta
algum expediente. Da minha parte, não julgo.
Pois tendo subido a uma elevação rochosa observei
a ilha, que o mar infinito cerca como uma grinalda.
A ilha em si não é elevada e no meio vi com os olhos
fumaça a subir por entre os arvoredos do bosque.'"


Trechos dOdisseia, de Homero.
Tradução por Frederico Lourenço.
Penguin Classics Companhia das Letras, 2011.
Páginas 281 e 283.

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Criadora

Larissa Fonseca e Silva, 1998. Nascida em Caldas, no sul de Minas Gerais, crescida dentre livros e montanhas. Mestra em Teoria Literária e Crítica da Cultura pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) e doutoranda em Literatura Portuguesa na Universidade de São Paulo (USP). "Crio com a ponta dos dedos, no raio do sol vejo a magia da poeira e sei que há sentido no decompor das coisas pois até os resquícios dançam." Registro e guardo aqui.