
O barulho de máquinas o dia todo:
garoe ou não garoe em São Paulo,
sempre brotam prédios.
Tenho usado um bloco com capa impressionista para anotar algumas impressões, como essa de 21 de agosto. Em parte, inspirada pela bela exposição A ecologia de Monet no MASP; em parte, evocando os registros do Livro do desassossego, no qual Bernardo Soares faz, da impressão, sensação¹. Escrevo algumas linhas por dia: as cores, os sons, o clima. A poesia, boa ou má, infiltrada pela janela ou que me topa quando saio à rua.

Nota: 1. O grande sensacionista pessoano a "sentir tudo de todas as maneiras" foi Álvaro de Campos, mas também o melancólico Bernardo Soares sobrevalorizava a sensação: no início do século XX, já sem crença em deuses ou esperança no progresso, sobrariam a ele, como realidade, apenas sensações. Imagens: fotografia 1 - registro do livro Enciclopedia del impresionismo (tradução espanhola da edição francesa), de Maurice Sérullaz et al., no verbete "Monet"; fotografia 2 - bloquinho da loja do MASP contendo, na capa, a obra "A canoa sobre o Epte" (1890), também de Claude Monet.